
A presença dos cirurgiões-dentistas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) pode reduzir em até 60% o índice de infecções respiratórias, consideradas fatores importantes de agravamento de quadros clínicos. Desta forma, neste 15 de maio, quando é comemorado o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, o Sistema Conselhos de Odontologia reforça a importância da Odontologia Hospitalar para que mais vidas possam ser salvas em todo o país.
O exercício da Odontologia Hospitalar foi oficialmente confirmado pelo Conselho Federal de Odontologia em 2015, quando a mesma foi instituída como uma habilitação. Posteriormente, o CFO publicou a Resolução 262 de janeiro de 2024, que transformou a Odontologia Hospitalar em especialidade. Embora a presença dos cirurgiões-dentistas ainda não seja obrigatória dentro dos hospitais brasileiros, sua importância vem sendo reconhecida de forma frequente. As estatísticas do CFO apontam que hoje já existem 2.862 especialistas em todo país.
“A instituição da especialidade da Odontologia Hospitalar, há pouco mais de um ano, foi um passo importante para a valorização da Odontologia no atendimento multidisciplinar a pacientes acamados ou em estado grave, dentro dos hospitais. Por meio da Odontologia Hospitalar é possível combater infecções graves e salvar vidas. Essa é a mensagem que o CFO e os 27 CROs de todo país querem trazer neste Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares”, ressalta o presidente do CFO, Claudio Miyake.
A Resolução CFO 262 fixou como áreas de competência do cirurgião-dentista especialista em Odontologia Hospitalar a atuação em equipes multiprofissionais, interdisciplinares e transdisciplinares, com objetivo de promoção da saúde baseada em evidências científicas; assim como a prestação de assistência odontológica aos pacientes em regime de internação hospitalar e ambulatorial, urgências e emergências a pacientes de alta complexidade em situações críticas que necessitem suporte básico de vida.
Também fazem parte de sua área de atuação a elaboração de projetos de natureza científica e técnica no âmbito da Odontologia Hospitalar; a integração de programas de promoção e recuperação da saúde do paciente em ambiente hospitalar, entre outras.
Atuação na prática
O cirurgião-dentista e especialista em Odontologia Hospitalar, Keller de Martini, explica que o principal ponto de atenção dos profissionais da Odontologia no atendimento de pacientes acamados é a prevenção de pontos de infecção na cavidade oral. Esse atendimento busca manter a saúde do sistema estomatognático do paciente durante sua internação, controlando o biofilme, diagnosticando, prevenindo e tratando focos de infecção e outras afecções agudas do sistema estomatognático.
“A placa bacteriana e o biofilme formados na cavidade bucal de pacientes intubados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) podem representar sérios riscos à saúde desses indivíduos. A higiene bucal atua como uma importante barreira contra a proliferação de microrganismos patogênicos. O biofilme muitas vezes é colonizado por patógenos que, por meio da respiração, podem se alojar nos pulmões e evoluir para pneumonias graves”, explica Keller de Martin.
O especialista destaca ainda que a atuação da equipe multidisciplinar, incluindo cirurgiões-dentistas, é indispensável para garantir melhores desfechos clínicos nesses pacientes críticos. “Lutamos todos os dias para melhorar a saúde geral do paciente, buscando sempre a sua mais breve desospitalização. Esse é um dos grandes motivos que fazem a Odontologia Hospitalar ser tão importante”, conclui o cirurgião-dentista.
Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares: Origem da data
O Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares foi instituído pela Lei Federal 11.723 de 2008 com o objetivo de conscientizar autoridades sanitárias, diretores de hospitais e trabalhadores de saúde sobre a importância do controle das infecções hospitalares. O dia 15 de maio foi escolhido em homenagem ao médico obstetra Ignaz Semmelweis, da Hungria, que em 1847 defendeu e incorporou a prática de lavar as mãos como uma atitude obrigatória para enfermeiros e médicos que entravam nas enfermarias e, desta forma, conquistou considerável redução na taxa de mortalidade das pacientes.